25/06/2018 16h25
O pequeno produtor brasileiro de suco de laranja exportado fica com apenas 4% do preço do produto nas prateleiras dos Estados Unidos e de países da Europa. É o que aponta o relatório da entidade não governamental Oxfam, que estima o sofrimento de milhões de trabalhadores rurais e pequenos e médios agricultores de países da Ásia, África e América Latina.
O estudo analisou 12 países fornecedores de alimentos às grandes redes de supermercados nos Estados Unidos e no continente europeu. Entre os produtos foram analisadas as cadeias do suco de laranja, fornecido pelo Brasil, e produtos fornecidos por outros 11 países em desenvolvimento. O assessor de políticas da Oxfam Brasil, Gustavo Ferroni, explica que a cadeia do produto brasileiro foi considerada a mais degradante.
Gustavo Ferroni destaca que o valor pago pela colheita de laranja caiu 70% nos últimos 20 anos, enquanto o preço nas prateleiras subiu. E isso impede a sobrevivência dessas pessoas. Assim, o fluxo de produtores indo para as cidades em busca de emprego por conta da dificuldade de se manter no campo ainda é intenso. Para amenizar o problema, algumas cooperativas criadas passam a exercer a “política do preço justo”.
O auditor de uma cooperativa de suco de laranja em Rio Real, no interior da Bahia, Aldo de Souza, relata que a criação da entidade foi determinante para mudar a realidade dessas pessoas.
Gustavo Perroni, da Oxfam, explica que, apesar dos problemas apontados, algumas redes e entidades têm se preocupado com a cadeia produtiva, mas a desigualdade precisa ser olhada.
O estudo da Oxfam leva em conta entrevistas em campo, feitas com centenas de pequenos agricultores de cadeias de fornecimento a supermercados de cinco países.
Uma das conclusões da pesquisa é que, em 2016, as oito maiores cadeias de supermercados geraram quase US$ 1 trilhão em vendas, com US$ 22 bilhões em lucros.
EBC – Radioagência Nacional