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Cecil, o leão querido (Gabriel Bocorny Guidotti)

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31/07/2015 07h44

Cecil, o leão querido

De acordo com informações do Jornal ‘El País’, houve um primeiro disparo, que não foi mortal. Cecil, entretanto, agonizou durante 40 horas.

Gabriel Bocorny Guidotti

A extinção das espécies é uma realidade. A ação predatória do homem está desestabilizando a natureza. Como se isso não bastasse, há quem mate animais por prazer. Nesta semana, uma notícia ecoou indignação pelo mundo. Poucos sabiam da existência do leão Cecil, um dos mais queridos do Zimbábue. Ele tinha 24 filhotes e vivia livre em áreas de preservação ambiental. Eis que um caçador norte-americano atraiu-o para fora do seu habitat e disparou uma flecha que encerrou a vida do pobre animal.

De acordo com informações do Jornal ‘El País’, houve um primeiro disparo, que não foi mortal. Cecil, entretanto, agonizou durante 40 horas. Os caçadores descobriram que o felino tinha uma coleira com GPS, já que era objeto de estudo por parte de uma organização do país. Sem sucesso, tentaram tirar o aparelho eletrônico. O localizador permitiu descobrir o lugar exato onde o leão morreu. Cecil ainda teve a cabeça decapitada e a pele arrancada. O assassino teria pago R$ 50 mil dólares para um funcionário do parque lhe permitir a caçada.

O norte-americano foi identificado. Walter James Palmer atua como dentista no estado de Minnesota. Tem dois filhos. Na última terça-feira, seu consultório amanheceu fechado. Na internet já circulam fotos de outras presas abatidas pelo covarde, bem como centenas de páginas condenando-o. Em entrevistas a jornais de seu país, Palmer disse achar que estava atuando na legalidade, o que provoca outra discussão de cunho ético: com o declínio das espécies, ainda há zonas de safári? Não há dinheiro que pague esta afronta ao reino animal.

A cabeça de Cecil, suponho, vai estampar a parede da casa do norte-americano, ilustrando um contemporâneo episódio grego da luta contra a fera. O que o assassino não contará, todavia, é que a batalha foi injusta. Não houve oportunidade de defesa por parte do animal. Um motivo torpe, portanto, vitimou um leão amado. Os 24 filhotes de Cecil estão igualmente condenados. Sem a presença do pai, outro leão do parque vai matá-los para garantir sua linhagem nas fêmeas e a soberania territorial.

A nossa supremacia sobre as outras espécies fornece exemplos como esse, em que nós, “vidas inteligentes”, somos capazes de atos tão abjetos. Pergunto-me o que se passa na mente de uma pessoa assim. Matar é uma aberração, não importando quão insignificante possa ser uma vida. A bem da verdade, insignificante é a corja de facínoras que compõem raça humana. Para estes, a eterna reprovação dos indivíduos de bem.

Gabriel Bocorny Guidotti – Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo – Porto Alegre – RS

Cecil, o leão querido (Gabriel Bocorny Guidotti)

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