04/10/2015 06h48
Compre do pequeno
Os pequenos negócios movimentam a economia – produzem 27% do PIB e geram 52% dos empregos do Brasil.
Gabriel Bocorny Guidotti
Em evento cultural realizado neste ano, em Porto Alegre (RS), a holandesa Saskia Sassen, uma das sociólogas mais respeitadas do mundo, enfatizou a necessidade de reforçarmos os pilares de nossa sociedade, sobretudo pela voz que ecoa das zonas urbanas. Para tanto, ela ponderou um dado alarmante: entre 2013 e 2014, empresas multinacionais investiram cerca de 600 bilhões na compra de áreas dentro das 100 maiores cidades do mundo. O Objetivo? Criar polos de negócios, megaprojetos econômicos.
Ela cita o caso de Londres. “Os sheiks do Catar têm mais áreas no centro da capital do que a própria rainha da Inglaterra”, frisou. A crítica de Saskia é um tiro no coração do capitalismo pós-moderno. A postura predatória dos grandes empreendimentos, nacionais e estrangeiros, deixam as regiões urbanas densas, mortas. O desfecho é o afastamento dos pequenos empreendedores e o agravamento das desigualdades. Atento a essa realidade (também registrada em solo brasileiro), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) decidiu inovar. A segunda-feira (05) vai marcar o dia do #compredopequeno.
Os pequenos negócios movimentam a economia – produzem 27% do PIB e geram 52% dos empregos do Brasil. São mais de 10 milhões de micro e pequenas empresas em todo o país. Atualmente, há cerca de 5,3 milhões de microempreendedores individuais e 4,2 milhões de produtores rurais. Além disso, os pequenos contribuem ao desenvolvimento das comunidades, produzem novos empregos e favorecerem a distribuição de renda. Em suma, oferecem uma perspectiva social de qualidade de vida.
Saskia Sassen acredita que a economia de uma cidade não se forma nos polos de megaprojetos, mas sim no ‘sujeito urbano’. Este sujeito seriam todas as pessoas que fazem a roda da cidade girar, que dão voz a ela. “Será que perdemos o dom da fala?”, questionou. Se depender da iniciativa do Sebrae, não. Nesta segunda, o brasileiro terá a oportunidade de dar uma chance às pequenas marcas, incentivando os enlaces do tecido social.
Quem empreende sabe quão difícil é manter uma empresa no Brasil, não apenas pelas condições de impostos e juros, mas pela concorrência desleal promovida pelos donos das grandes corporações. Comprar do microempreendedor incita a formação de novas amizades e estimula o ímpeto de novos negócios. Neste dia, portanto, colabore com o próximo. #compredopequeno e orgulhe-se disso.
Gabriel Bocorny Guidotti – Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo – Porto Alegre – RS