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Campo Grande

Crônica – Calça de Moletom

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08/02/2016 16h30

Entrei em uma loja de sapatos em um shopping da cidade. Loja chique, sapatos caros…

Vivian Antunes

Lembro direitinho daquele dia.

Entrei em uma loja de sapatos em um shopping da cidade. Loja chique, sapatos caros.

Eu de tênis, camiseta, calça de moletom e rabo de cavalo. Até hoje eu me pergunto o motivo pelo qual eu andava na rua desse jeito. Calça de moletom, minha gente! Eu ia ao shopping de calça de moletom!

Antes de entrar na loja namorei a vitrine. Não só namorei, fiz um pedido de casamento ao sapato mais bonito, alto e caro.

Entrei.

No momento que entrei começou a guerra: uma vendedora olhou para outra e disse:

“Atende lá.”

“Eu não, vai você, é sua vez.”

A moça fez cara ruim, olhou para mim.

Quando elas viram que a da calça de moletom já tinha reparado a batalha, uma delas veio. Acho que não foi a da vez. Não me lembro, já tem tempo que abandonei essas calças.

Sorrisinho amarelo no rosto:

“Pois não.”

Eu com a cara mais séria e de “estou ofendida” que pude fazer:

“Aquele sapato ali da vitrine, apontei para meu objeto de desejo, você tem 33?”

“Tenho sim.”

“Embrulhe, por favor. É presente.”

Incrível como todas as vendedoras que habitavam aquela loja vazia tiveram tempo para me olhar, oferecer água, café, puxar papo e tudo o mais que é feito quando o objetivo é bajular.

Recusei todas as ofertas com a educação de uma dama criada em colégio suíço.

“Cartão ou dinheiro?”

“Dinheiro.”

Quanto papo, minha gente, quanta atenção. Agora não precisava mais.

Peguei o precioso pacote, empinei o nariz e fui embora.

Um tempo depois a loja já não existia mais.

Escolheu atender, então faz direito, senão a loja fecha.

Vivian Antunes

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