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Desenvolvimento agrícola: ainda o caminho mais curto (Ciro Antonio Rosolem)

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24/10/2014 08h20

Desenvolvimento agrícola: ainda o caminho mais curto

Segundo especialistas, a desigualdade não diminui porque faltam empregos. Emprego significa renda, significa diminuição na desigualdade.

Ciro Antonio Rosolem

O índice Gini que mede a desigualdade de renda está estagnado no Brasil nos últimos três anos. Este é dos grandes problemas brasileiros. Apesar do que alardeia o governo, os programas de transferência de renda não tem mais sido suficientes para melhorar a desigualdade no País. Segundo especialistas, a desigualdade não diminui porque faltam empregos. Emprego significa renda, significa diminuição na desigualdade. Assim, é urgente a criação de oportunidades de trabalho. De há muito se sabe que a agropecuária é a atividade econômica que mais gera emprego por unidade de capital investido. Por exemplo, gera, para o mesmo investimento, quase o dobro dos empregos que a construção civil. Não é pouco.

Quando se fala de desenvolvimento social e humano, junto com o índice de Gini, é interessante olhar para o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que leva em conta a renda, educação e saúde. Comparando-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da FAO de 1990 com 2010 em algumas regiões brasileiras pode-se ter uma ideia de como o desenvolvimento agropecuário melhora a vida das pessoas. Nos estados com agricultura mais tradicional como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, o IDH passou, em média, de 0,542 para 0,759, com um crescimento de 40,3 % nos últimos 20 anos. Em estados que sofreram uma segunda onda de crescimento agropecuário, como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, o IDH passou, em média, de 0,484 para 0,732, com crescimento de 51,1% no período. Já nos estados de desenvolvimento agropecuário mais recente, nos últimos 20 anos, o IDH passou de 0,448 para 0,725, com crescimento de 69,1%. Enquanto isso o Brasil teve o IDH crescendo 46,9%, de 0,490 para 0,720. Considerando-se 38 municípios com grande influência agrícola no Brasil, 15 deles tinham IDH muito baixo em 1990, e não havia municípios agrícolas com IDH alto ou muito alto. Em 2010 não havia mais, entre estes municípios, IDH muito baixo, 29 deles tinham IDH alto e três mostravam IDH muito alto. Fica assim patente o grande impacto do desenvolvimento agropecuário na sociedade como um todo.

E o que se espera para o futuro próximo? A posição dos economistas é praticamente unânime: dificuldades, pouco dinheiro e pouco crescimento. No mundo todo e, particularmente, no Brasil. Como driblar essas dificuldades? Com geração de emprego e renda.

A agricultura brasileira só não é mais competitiva por razões sobejamente conhecidas: infraestrutura, logística, restrições ambientais, política tributária, política trabalhista, seguro rural e insegurança jurídica estão entre as principais. A retirada de alguns destes obstáculos fará com que, mesmo com preços internacionais menores, nossa agricultura continue como protagonista do desenvolvimento brasileiro.

Senhores, o caminho para fora do buraco é conhecido. Quem se habilita?

Por Ciro Antonio Rosolem, membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).

Desenvolvimento agrícola: ainda o caminho mais curto (Ciro Antonio Rosolem)

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