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Campo Grande

Idosos encontram nas escolas municipais inclusão e novas perspectivas

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27/05/2015 09h08

A Rede Municipal de Ensino (EJA) conta com 3.286 estudantes de EJA neste primeiro semestre de 2015.

A Educação é um direito fundamental do ser humano, cujo acesso precisa ser universalizado. Mesmo assim, estudantes podem encontrar obstáculos, tais como estar fora da faixa etária do ensino regular. É neste contexto que a Secretaria Municipal de Educação (Semed) disponibiliza o serviço de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), voltado para pessoas a partir de 15 anos que em algum momento não tiveram como concluir os estudos.

A Rede Municipal de Ensino (EJA) conta com 3.286 estudantes de EJA neste primeiro semestre de 2015. Entretanto, deste total, há um grupo de 11 estudantes, com mais de 75 anos, que provam não existir limite de idade para alcançar a alfabetização. Muito embora a evasão escolar seja uma constante da EJA em todo o país, este grupo segue no outro sentido, e apresentam exemplar rendimento, frequência e vontade de aprender.

Otacílio Mendes, com 84 anos, é o mais velho do grupo. Ele estuda há um ano na Escola Municipal João Evangelista Vieira de Almeida, numa sala de aula na qual o conteúdo pedagógico para adultos e idosos é oferecido para cerca de 10 estudantes.

Com voz baixa e timidez, ele conta a própria história, enquanto as colegas, todas mulheres, o rodeiam para escutar. “Tive que trabalhar muito cedo para ajudar minha família. Era agricultor na região do Pantanal e só fiz alguns meses do primário. Só depois de aposentado, quando vim para Campo Grande, é que quis aprender a ler”, explica.

Uma das motivações para o retorno à escola é a leitura da Bíblia, já que Otacílio é evangélico. Mas a socialização também é um dos fatores que o trazem diariamente para a sala de aula. “É melhor do que ficar em casa sem ter o que fazer. Aqui tenho minhas amigas, fico sabendo das notícias, do que está acontecendo na cidade, coloco a cabeça para pensar”, explica.

Metodologia direcionada

Como a evasão costuma ser grande no ensino para jovens, adultos e idosos, o maior desafio dos professores é encontrar uma maneira dos estudantes não desistirem das aulas, o que requer abordagem diferenciada. “Idosos tem certo receio de voltar à escola por conta do grande número de jovens, que têm um ritmo diferente do deles. Mas nas formações continuadas, a gente trabalha métodos para o perfil do aluno do EJA, um aluno que não teve oportunidade de estudar na idade certa e que comumente vem à escola depois de uma pesada jornada de trabalho. Então, desenvolvemos uma logística para evitar a evasão”, descreve a Chefe da Divisão de Educação e Diversidade (DED) da Semed, Rejane Breda.

A técnica explica que, neste caso, o docente precisa ter sensibilidade para promover laços com os alunos, além de garantir resultados que continuem incentivando-os. O efeito, até agora, tem sido bastante positivo. “Com esses diferentes métodos de acolhimento, percebemos que a função social da escola está indo além da expectativa. A evasão nesta faixa etária diminuiu bastante e os alunos revelam que têm prazer em comparecer ao ambiente escolar”, destaca Breda.

A vontade de aprender a ler é o que mais incentiva os idosos a procurarem a EJA, mas neste ponto, o ambiente que é proporcionado a estas pessoas também se torna um elemento convidativo. “Observamos que a EJA também é promotora de qualidade de vida, pois também proporciona ocupação numa época em que eles podem ficar muito ociosos. Então eles vêm à escola, aprendem a ler e ainda ocupam a mente. A educação vem promovendo para essas pessoas uma forma de se manterem vivos, não apenas biologicamente, mas também socialmente”, conclui.

A família inteira

Às vezes a determinação de um membro da família acaba passando para a família inteira. Quando passaram a frequentar uma igreja evangélica, Nelson Nascimento, 81, e sua esposa, Ramona de Assis Nascimento, também com 81 anos, encontraram dificuldade em acompanhar as leituras. Foi então que uma professora, cliente do comércio que o casal mantém no bairro Guanandi, convidou-os para assistirem as aulas de alfabetização, na escola Municipal Plínio Mendes dos Santos.

“Estudei só em 1941, uns três meses só. Mas precisei trabalhar fora, ir pra fazenda. Trabalhei como jóquei, domador de cavalo e agricultor, desde os sete anos de idade. Naquele tempo ou trabalhava ou estudava. Agora estou mais tranquilo e posso vir à escola. Estou aprendendo bastante, conhecendo as letras, e conseguindo entender o que o pastor diz”, revela Nelson.

A esposa dele, Ramona, que é dona de casa, já sabia ler, mas passou a frequentar as aulas para apoiar o esposo. Como ela não havia concluído o ensino médio, viu-se diante de uma grande oportunidade. “Faltou pouca coisa para terminar, na época a vida era corrida, mas agora vou ter até meu diploma!”, comemora.

No fim da história, até a filha do casal, a manicure Ester Nascimento, 53, entrou na dança. “Quando vim matricular meus pais, a professora perguntou se eu tinha terminado os estudos. Eu expliquei que não, e acabei saindo daqui matriculada também. Agora estamos os três vindo todo dia à noite”, conclui.

Fonte/Autor: Assessoria de Imprensa

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