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Água na boca (João Bosco Leal)

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05/07/2011 15h03

Água na boca

João Bosco Leal

Em uma visita a uma senhora com mais de noventa anos, dela ouvi algo que tem me valido muito: “Quando estiver nervoso e em meio a uma discussão ouvir algo que o desagrade, ao invés de responder de imediato, encha aboca de água e não engula, permanecendo assim pelo maior tempo possível.”

É uma lição fantástica por sua simplicidade e grande abrangência. O fato de estar com a boca cheia de água nos impede de dizer algo naquele momento pelo tamanho da sujeira que causaríamos e é exatamente isso que ela pretendia ensinar.

Sempre que respondemos de imediato a uma provocação ou a qualquer coisa que nos desagrade, normalmente dizemos coisas que depois nos arrependemos de haver dito, que poderiam ser ditas de modo menos agressivo ou mesmo que nunca deveriam ter sido ditas.

Palavras ditas agressivamente muitas vezes cortam mais que navalhas e deixam cicatrizes profundas, que mesmo quando perdoadas não se apagam, permanecem expostas para sempre.

Lembro de um conto sobre um pai que, querendo ensinar seu filho o mal que as palavras poderiam causar, pediu a ele que cada vez que ficasse nervoso, ao invés de brigar ou gritar com alguém, pregasse um prego em uma placa de lata. Depois de determinado período aquele pai pediu ao filho que lhe trouxesse a placa que já possuía muitos pregos.

Após determinar ao filho a retirada de todos os pregos da placa disse-lhe que mesmo que todas as pessoas com quem ele teria brigado ou gritado o perdoassem, permaneceriam em seus corações várias cicatrizes, como os furos na placa, que jamais seriam apagadas.

Por não serem ensinados a partilhar, desde sua infância os seres humanos discutem por motivos insignificantes como egoísmo e sentimentos de propriedade.

O menino não empresta a bola mesmo quando não a está usando e a menina não admite que ninguém pegue sua boneca.

Crescem e continuam discutindo, brigando com outros jovens ou desrespeitando e até mesmo maltratando os mais velhos.

Adultos se casam e mesmo em casa, com o próprio cônjuge, muitas vezes discutem de maneira mais acalorada e acabam agredido ou até mesmo ofendendo o outro com palavras.

Discussões por motivos fúteis como por futebol ou por uma fechada no trânsito muitas vezes acabam até em mortes e certamente poderiam ser evitadas se uma das partes envolvidas não tivesse respondido à agressão.

Muitos assuntos do dia a dia que provocam discussões poderiam ser tratados de modo pacífico e provavelmente agradando os dois lados, se simplesmente fossem adiados, deixados para ser falados em outro momento, quando todos estivessem calmos, em clima mais apropriado para uma conversa franca.

Se conseguirmos nos manter calados, sem reagir quando somos agredidos, provocados por pessoas em busca de discussões, certamente conseguiremos impedir que a agressão se transforme em uma discussão que poderá ser de consequências desastrosas.

O silêncio diante de uma agressão verbal normalmente constrange o agressor, que por não obter reação contrária é levado a interromper a mesma.

Colocando água na boca e aguardando outra oportunidade para falar evitaremos discussões desnecessárias e de resultados dolorosos.

João Bosco Leal – www.joaoboscoleal.com.br (de Três Lagoas/MS)

João Bosco Leal

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