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Primeiros resultados do período reprodutivo da espécie no Pantanal

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27/11/2014 08h37

Projeto Arara Azul comemora primeiros resultados do período reprodutivo da espécie no Pantanal em 2014

Além do aumento do número de ninhos cadastrados, de 455 para 599, de agosto a novembro de 2014 foram postos 55 ovos de arara-azul, em 94 ninhos monitorados

Mesmo com o atraso de seis semanas no período reprodutivo, por conta das condições climáticas no Pantanal, o Projeto Arara Azul e a Fundação Toyota do Brasil comemoram os primeiros resultados de 2014 na reprodução da espécie. Além do aumento do número de ninhos cadastrados, de 455 para 599, de agosto a novembro de 2014 foram postos 55 ovos de arara-azul, em 94 ninhos monitorados. Em quatro meses, a equipe do projeto já contabilizou o nascimento de 30 filhotes, e espera mais 20 indivíduos até o fim deste ano.

A bióloga responsável pelo projeto e presidente do Instituto Arara Azul, Neiva Guedes, explica que o período reprodutivo costuma acontecer entre julho e janeiro e que, provavelmente, será prolongado até fevereiro ou março de 2015, devido ao atraso de julho. “Existe a perspectiva de observarmos posturas até o mês de dezembro. Só após esse período, poderemos avaliar os resultados em relação aos anos anteriores. Mas estamos bastante confiantes e animados”, afirma.

Os resultados considerados positivos são fruto de 25 anos de trabalho em estudos de biologia básica, reprodução, comportamento, habitat, manejo e educação ambiental para a conservação da espécie, que no fim da década de 1980 estava ameaçada de extinção, e chegou a somar apenas 1.500 indivíduos no Pantanal. Hoje, com a importante contribuição do Projeto Arara Azul, especialistas estimam mais de 5.000 indivíduos no Pantanal, na área que inclui os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bolívia.

A iniciativa monitora aproximadamente 3.000 aves, que vivem em 599 ninhos, cadastrados por 57 fazendas, situadas em Miranda, Aquidauana e Bonito (MS) e na região de Barão de Melgaço (MT). Boa parte dos ninhos está localizada em regiões de difícil acesso, por isso a importância das picapes Hilux com tração 4X4, cedidas pela Fundação Toyota do Brasil. Os veículos permitem às equipes de biólogos transportarem suprimentos e todos os equipamentos necessários à realização dos trabalhos de campo.

“A parceria reafirma o princípio de nos aliarmos a empreendimentos socioambientais sérios, respeitados e, acima de tudo, plenamente comprometidos com a preservação do meio ambiente e com a comunidade local”, explica Ricardo Bastos, presidente da Fundação Toyota do Brasil.

Adote um Ninho

Visando reforçar a importância da conservação da biodiversidade pantaneira, o Instituto Arara Azul iniciou uma nova fase no trabalho de proteção da espécie. A entidade lançou a campanha “Adote um Ninho”, que consiste no apadrinhamento de ninhos, proporcionando a arrecadação de recursos e, consequentemente, o fortalecimento do projeto, que completa 25 anos de atividades, com o apoio da Toyota do Brasil e, mais recentemente, da Fundação Toyota do Brasil.

Antes mesmo do lançamento oficial, a campanha conquistou muitos adeptos. Foram adotados 45 ninhos por pessoas físicas e jurídicas. Entre os padrinhos estão Ziraldo, Carlos Saldanha, Chitãozinho e Xororó, Luan Santana, Michel Teló, Gabriel Sater, Almir Sater e outros artistas e empresários brasileiros e norte-americanos.

“Sinto-me bastante satisfeita e feliz por ver o quanto as pessoas se importam com o nosso trabalho. O reconhecimento reforça a credibilidade do projeto e dá uma sensação de dever cumprido. Já colhemos muitos resultados positivos, mas ainda há muito a ser feito. Para isso, precisamos do engajamento da sociedade”, destaca Neiva, que também é professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade Anhanguera-Uniderp.

Ao fazer o processo de adoção, os padrinhos passam por um curso preparatório, no qual aprendem sobre o monitoramento dos ninhos naturais e artificiais e sobre o relatório periódico do comportamento e desenvolvimento dos filhotes/afilhados. Além disso, ao nascer um filhote de arara-azul no ninho do adotante, o padrinho poderá batizá-lo. Assim como todas as aves da espécie, o filhote será acompanhado até o momento de seu voo e receberá uma anilha com numeração exclusiva, bem como um microchip. Todas as informações serão encaminhadas ao padrinho, por meio de um relatório final, junto com o Certificado de Adoção.

Centro de Sustentabilidade

Em 2013, investindo na melhoria e na continuidade das atividades de conservação da espécie, a Fundação Toyota do Brasil financiou a construção do Centro de Sustentabilidade do Instituto Arara Azul, em Campo Grande (MS), com o objetivo de garantir a perenidade das ações da entidade, para que ela se torne, em alguns anos, autossustentável economicamente.

A gestão administrativa e política da captação de recursos foi remodelada, bem como a prospecção de novos projetos e ações, fazendo com que, em apenas seis meses, o Instituto implementasse 81% dos objetivos do plano estratégico. “Estamos bastante otimistas com o sistema de gestão que está sendo adotado pela entidade. Os novos projetos de sustentabilidade contribuirão para o fomento e a continuidade da missão idealizada pelo Instituto Arara Azul”, completa Neiva.

O Centro de Sustentabilidade também proporciona um novo tipo de turismo na região – o de informação e observação das araras na cidade e no Pantanal, principalmente no período de reprodução. O espaço recebe pesquisadores e estudantes brasileiros e estrangeiros, interessados no estágio e treinamento oferecidos pelo Instituto Arara Azul. Os visitantes ainda podem conferir a trajetória do Projeto Arara Azul, suas ações e resultados.

Outra forma de geração de renda é a loja com artigos personalizados do projeto. Todo o valor arrecadado é revertido para ações de monitoramento e pesquisas, promovendo a conservação da biodiversidade.

O Projeto Arara Azul também tem o apoio da Uniderp, Caiman e Bradesco Capitalização.

Curiosidades da arara-azul

-As araras pertencem à mesma família dos papagaios, periquitos e maracanãs, chamados Psitacídeos;
-A arara-azul é uma ave monogâmica. Ou seja, forma um par/casal constante até a morte de um dos indivíduos;
-A espécie não tem dimorfismo sexual externo. Só é possível diferir o gênero a partir da análise de uma amostra de sangue ou laparoscopia;
-No Pantanal, as araras-azuis alimentam-se da castanha de duas palmeiras, o Acuri e a Bocaiúva;
-95% dos ninhos são encontrados em uma única espécie arbórea, o Manduvi;
-Após o nascimento, o filhote permanece sob os cuidados dos pais por mais de 100 dias, até que esteja pronto para voar;
-A arara-azul tem baixa taxa reprodutiva. Nasce um filhote a cada dois anos;
-As principais ameaças da espécie na década de 1990: descaracterização do habitat, tráfico ilegal e caça para uso em artesanatos e adornos indígenas.

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