10/10/2015 10h03
Trabalhos de alunos indígenas da UEMS despertam interesse em Amambai
A professora Aline Crespe, da UFGD, que acompanhou as apresentações, elogiou a forma com que os temas escolhidos pelos alunos foram trabalhados
Um grupo formado por indígenas alunos dos cursos de História e Ciências Sociais da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), unidade de Amambai, apresentou alguns trabalhos de iniciação científica abordando as questões relacionadas aos impactos da proximidade dos moradores da reserva com a população não-indígena.
Os resultados preliminares dos trabalhos de iniciação científica foram apresentados durante a 8ª Semana Acadêmica de Ciências Sociais, promovida recentemente na unidade universitária de Amambai.
O acadêmico Makiel Aquino, falou sobre as crianças guarani-kaiowá da reserva Guapo’y/Amambai. O título do trabalho é “Construtor de Costumes e Hábitos”. Segundo ele, durante o trabalho de coleta de informações, pôde perceber que as crianças, mesmo com a forte influência dos costumes da sociedade não indígena, mantêm muitos costumes repassados por várias gerações da aldeia.
A aluna Elk Kelli Francismar Rodrigues iniciou um trabalho científico para ajudar a desmontar o preconceito de que “os indígenas não gostam de trabalhar”. Segundo ela, isso é um mito. “O que existe hoje é a falta de espaço para que a comunidade indígena possa produzir o próprio sustento. O jeito encontrado é sair da aldeia para trabalhar nos canaviais das usinas, se sujeitando às péssimas condições de vida com graves repercussões para a saúde e para a família”, afirmou a acadêmica.
A aluna, que está concluindo o curso de história na UEMS, coletou os dados através de entrevistas com moradores da reserva Guapo’y/Amambai, que trabalham em usinas da produção de açúcar e álcool nos municípios de Naviraí e Sidrolândia.
Outro trabalho apresentado no grupo temático “Relações Étnicas e Território”, foi do acadêmico Celuniel Aquino Valiente, do curso de ciências sociais. O objetivo de pesquisa dele são as transformações e conflitos em torno da identificação forjados pelos guarani-kaiowá da mesma aldeia.
A professora Aline Castilho Crespe, da UFGD, que acompanhou as apresentações, elogiou a forma com que os temas escolhidos pelos alunos foram trabalhados, o que, no seu entender, possibilita a elaboração de novos trabalhos científicos tanto na conclusão dos cursos quanto na pós-graduação. “São temas relevantes que podem inclusive contribuir para que toda a sociedade entenda melhor as relações existentes nas comunidades indígenas de Amambai”, frisou.
As apresentações do grupo de trabalho “Relações Étnicas e Território” foram coordenadas pela professora Lauriene Seraguza, da UEMS de Amambai. Ela elogiou os trabalhos desenvolvidos pelos alunos e convidados para a Semana Acadêmica, destacando a importância do debate em torno de temas que influenciam diretamente no dia a dia da comunidade amambaiense.
UEMS
