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Campo Grande

Gilmar Olarte alega armação política no caso dos cheques em branco

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06/02/2016 13h12

Olarte afirmou que o autor da denúncia apenas “ouviu dizer”

O prefeito afastado de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), reafirmou a tese de armação política a acusação de que ele trocou cheque em branco de eleitores com agiotas. O pepista foi ouvido pela primeira ontem (5) na terceira audiência no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS).

“Isso aí é uma armação política, é um imbróglio muito grande, para prejudicar um menino em ascensão, em relação aos políticos sou um menino ainda, que de repente teve de assumir uma cidade (…) e de repente assombrou algumas forças políticas. Por sua vez, o prefeito cassado reconduzido por liminar ao cargo, usou isso de uma forma vil para tentar me incriminar”, afirmou Olarte depois da audiência.

Na avaliação do prefeito afastado, os depoimentos dessa audiência reforçam sua tese. “Por exemplo, você empresta dinheiro para alguém sem o endosso de que vai pagar. Outra, cento e poucos mil [reais] de cheque, um terço é falsificado pelo agiota para engordar aquele bolo, para dar volume e poder comprometer o prefeito. O Ronan disse hoje ‘não tem nada a ver com o prefeito, eu me enrolei com os cheques’”, pontuou.

Além disso, Olarte afirmou que o autor da denúncia apenas “ouviu dizer”. “Como se faz uma denúncia de alguma coisa que ouviu dizer? As testemunhas são todas ensaiadas e treinadas pelo senhor [Alcides] Bernal e [vereador] Cazuza, mentem o tempo todo. Aqueles que se dizem, como seu Edmundo que se diz vítima, fez um teatro é agiota. Troca cheque para os outros, tem um monte de gente que troca cheque com ele, aí vem aqui, chora, tudo organizado”, ressaltou.

No entanto, o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Marcos Alex Vera, garante que “a prova testemunhal está muito evidente e a prova decorrente de interceptação telefônica está claro de que ele [Olarte] tinha ciência de que os valores estavam sendo captados em seu nome”.

“Tanto é que ele se predispõe, em vários momentos durante a investigação, a quitar essa dívida e em algumas situações até, conforme testemunhas e gravações com autorização judicial, condicionando isso a função de cargo de prefeito municipal. Então o fato de não ter um endosso, um recibo não relativiza em uma prova testemunhal firme, inclusive, com testemunhas afirmando em juízo que entregaram dinheiro em espécie para a pessoa de Gilmar Olarte”, explicou Marcos Alex.

Sobre os cheques que apresentaram suposta falsificação na assinatura, o promotor disse que não influencia no processo. Segundo ele, dos 40 cheques apresentados, foram impugnados oito e desses, cinco apresentaram problema de grafia.

“Na verdade, com relação aos cheques que tiveram problemas, foram apreendidos durante prisão em flagrante do Salém Vieira, na época em que foi preso por posse ilegal de armas e não impacta em absoluto nas provas, uma vez que o que se discute no procedimento é a troca de cheque de terceiros que eram captados em meio a promessas de vantagens na administração. Os cheques questionados são cheques emitidos pelo próprio Ronan ou supostamente emitidos por ele e não têm relevância no procedimento”, afirmou Marcos Alex.

Audiência

Ronan Feitosa foi o primeiro a prestar depoimento e disse que pegou cheques em branco de eleitores com a intenção de pagar dívidas de campanha e depois receber os valores. Falou ainda que era responsável por contratar cabos eleitorais em 2012.

O depoimento dele durou aproximadamente uma hora. Também foi interrogado Luiz Márcio Feliciano, representado pela esposa que é a curadora dele. A defesa de Feliciano apresentou atestado de insanidade mental.

Acusação

Olarte, Feitosa e Feliciano são acusados de utilizar cheques de eleitores para serem utilizados na campanha eleitoral de 2012, com a promessa de empregos na administração municipal.

A audiência desta sexta-feira é a terceira do processo e a última da fase de depoimentos de testemunhas e de acusados.

A vice-governadora em exercício, Rose Modesto (PSDB), prestaria depoimento nesta sexta-feira, porém, a defesa de Gilmar Olarte desistiu de tê-la como testemunha.

Outra testemunha arrolada era Andrea Olarte, esposa de Gilmar Olarte, mas a defesa do prefeito afastado pediu dispensa dela no processo.

Na audiência realizada no dia 22 de janeiro, a última realizada, sete testemunhas foram ouvidas.

Investigação

A ação penal é resultado de investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Segundo o Gaeco, a investigação começou em outubro de 2013, mas veio à tona após a prisão de Ronan Feitosa no dia 11 de abril de 2014, em São Paulo. Ele foi solto cinco dias depois, após prestar depoimento. Também no dia 11 de abril, os agentes cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Olarte, recolheram documentos, pendrives e computadores.

Os valores obtidos com a suposta lavagem de dinheiro, segundo a investigação, teriam sido usados para a “compra de vereador”. Na época, o advogado de Olarte, afirmou que o prefeito não seria alvo da investigação e seria ouvido na condição de testemunha.

A defesa do prefeito afastado disse ainda que não houve compra de vereador, não há relação do prefeito com os empréstimos e que as pessoas “utilizaram o nome do político para obter vantagens”.

No dia 12 de abril de 2014, um pastor, um jornalista e um funcionário de uma empresa de factoring também foram ouvidos por causa da investigação.

O TJ-MS recebeu, no dia 13 de novembro de 2014, a denúncia contra Olarte, feita pela Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público Estadual. O processo tem mais de três mil páginas. No dia 6 de fevereiro de 2015, o Tribunal divulgou o teor da ação penal.

Com informações do G1 do MS

Prefeito afastado de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP),

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