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Campo Grande

Banco de leite alimenta 35 bebês internados e busca doações

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19/11/2017 14h41

O banco de leite Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) faz cinco rotas pela cidade de Campo Grande em busca de leite materno. O setor é responsável por alimentar cerca de 35 bebês todos os dias. As informações são da nutricionista, Fernanda Menezes, responsável técnica pelo banco de leite. Inaugurado em 2012, o banco atua desde 2004 como posto de coleta. Para manter o rítmo das dietas dos recém-nascidos uma equipe percorre, todos os dias, as diferentes rotas em busca de leite humano disponibilizado pelas mães doadoras que compõem o cadastro.

“Temos uma funcionária do banco de leite que vai junto com um motorista do setor de Transporte até as casas todos os dias coletar. Dividimos a cidade em cinco rotas diferentes. Para ser doadora a mãe precisa somente ligar aqui no nosso banco no telefone 67 3378-2715. Podem ser doadoras todas as mães que estiverem amamentando o bebê e que tenham excesso de produção. Nós só precisamos que ela tenha feito o pré-natal, por conta dos exames, para fazer a triagem. Com a ficha pronta, inserimos elas nas rotas. Da primeira vez, a equipe vai na residência e leva o material, ensina a tirar o leite e a armazenar. Em seguida, a própria mãe vai tirando durante a semana, quando for amamentar. Assim, a doadora tira leite toda vez que vai amamentar, ao longo do dia. Para não ficar muito cheio, porque é difícil vir até o banco de leite, nós buscamos o leite uma vez por semana e deixamos o material para a próxima semana”, explica Fernanda.

Atualmente, dependem do banco de leite em torno de 35 crianças por dia. São os bebês da UTI Neonatal, da Unidade Intermediária Neonatal (UIN), do Canguru e bebês internados no CTI Pediátrico. Por mês estamos coletando em torno de 45 a 50 litros, mas precisaríamos de, no mínimo, 120 litros como quantidade ideal. Com isso priorizamos os bebês menores e casos mais graves. Se a mãe está internada e consegue tirar o leite, o bebê recebe somente o leite da mãe. No caso de ser muito pequenininho e grave, recebe o leite da doação e se estiver maior, um bebe de termo – que nasceu no tempo certo – e tiver menos complicação, vai receber a fórmula infantil, que não é a melhor opção, mas precisamos alimentá-lo. O ideal seria que todos recebessem leite da própria mãe”, pontua.

A equipe é composta por oito pessoas. “Temos uma rotina nas casas em busca de doações, uma funcionária que atende na sala de ordenha e as funcionárias que atendem as mães da maternidade, principalmente, para fazer cadastro daquelas mães que os bebês nascem e vão para a UTI Neonatal. Precisa atender essas no primeiro momento, para que ela possa começar a tirar o leite. Tem ainda as funcionárias da parte de processamento; todo leite da coleta precisa ser pasteurizado para depois ser oferecido ao bebê que está internado, por uma questão de segurança. E tem uma funcionária que é da parte da lavagem da vidraria do banco de leite”.

Fernanda conta que, geralmente, as mães internadas que tem muita produção permanecem doadoras de leite humano. “Como a maternidade aqui não é tão grande, não conseguimos captar doadoras suficientes. Fazemos divulgação periódica na imprensa e sempre estamos abertos a novas mães. E não tem mistério: a mãe tira e vai congelando o leite. Quando chega aqui, damos entrada no sistema da rede de banco de leite que é o Datasus – da rede brasileira de banco de leite. Entramos com número da doadora, volume da entrada, tudo certinho. Depois separamos os lotes para pasteurizar. Esse leite segue para a sala de processamento, é descongelado, passa por um exame que checa a acidez (acidez de Dornic), porque com o tempo o leite vai se tornando mais ácido e com menos nutrientes. Verificamos as embalagens, o valor calórico, colocamos na embalagem padrão e, então, eles são pasteurizados em frascos iguais para ter certeza que o calor chega igual para todos os potinhos”.

Na etapa de pasteurização, o leite permanece sendo homogeneizado pelas técnicas até atingir de 62,5°. “Nessa temperatura começa a contar o tempo de pasteurização. A partir daí fica meia hora. Após inativar os microrganismos levamos para resfriar, porque se ele se mantiver quente por muito tempo, perde os nutrientes. Esfriou em 5°, coletamos uma amostra para o exame microbiológico, que é uma espécie de prova dos nove, para garantir que matou todos os microrganismos. Esse exame demora dois dias. Só então o leite está apto para ser servido aos bebês”.

Quantidades

A nutricionista acompanha cada um dos bebês na Neonatologia e é a responsável pelos volumes que eles ingerem. “Servimos em seringa ou em copinho. Um bebezinho recém-nascido se for de 25 semanas, às vezes, toma 5 ml de três em três horas. Começa os primeiros dias com dieta menor para fazer o intestino funcionar. Um bebê com menos de um quilo, com 15 ml diário já atinge a dieta plena dele, que é quando alcança todas as calorias que precisa. A quantidade depende muito do peso”.

Ela lembra que o banco de leite funciona como um centro de proteção e promoção do aleitamento. As mães podem procurar auxílio para amamentar. “Às vezes a mãe recebeu alta mas não esta amamentando, tem dificuldade. Ela pode procurar o banco de leite. Todos fazem esse serviço. Vamos ver a pega do bebê, ensinar como tirar o leite. Depois que a mãe e o bebê conseguem se entender a amamentação deslancha, mas as dificuldades nos primeiros dias, infelizmente, fazem muitas mães desmamarem seus bebês”.

Marilene Correia de Andrade está no setor Canguru, com o pequeno Pedro, que nasceu de 31 semanas. Com apenas 1,3 kg ele está passando por estimulação para fortalecer a sucção. “Eu também estou estimulando o seio. Mas ele ainda não suga porque é muito prematuro e sonolento para pegar o peito. Pedro é meu terceiro filho. O pessoal aqui tem nos ajudado bastante. A nutricionista diminuiu a dieta agora para ver se ele fica com fome e suga mais o peito. Estamos estimulando ele a mamar”.

A fonoaudióloga da unidade Neonatal, Magali Villalva de Souza, trabalha no HRMS há 12 anos. Ela realiza em Pedro a técnica de alimentar pelo dedo, chamada de translactação no dedo e usa a sonda como um auxiliar do complemento via oral. Essa técnica auxilia na retirada da sonda e fortalece a sucção. “Quando o bebê está aceitando todo volume de leite que ele precisa, aí a gente já pode retirar a sonda. Aqui temos bebezinhos muito pequenos, porque o hospital é referência de gestação de alto risco, então, nascem muito prematuros. Assim, começamos com a sonda, depois introduzimos o seio materno quando o bebê já tem força para se alimentar. Esse é o nosso trabalho: dar autonomia alimentar a esses recém nascidos”.

A lactarista, Christian Lima Dias, trabalha no hospital há 17 anos e informa que a coleta de leite é feita em todas as regiões da Capital. “De segunda a sexta-feira, com exceção de feriados. Coleta semanal”, frisa.

A residente da pediatria do HRMS, Paola Nadila Veras Gonçalves, tem um bebê de três meses e é doadora. “Resolvi doar porque acho importante. Quanto mais minha filha suga mais eu tenho e posso ajudar. Sou doadora de sangue também, então, gosto de ajudar as pessoas. Antes quando eu estava grávida queria ter leite para alimentar minha filha. Agora que consegui, gosto de ter um pouco mais para poder doar. Acho importante esse auxílio para as mães que não podem amamentar”.

Wandelma Vasconcelos, de 33 anos, é mãe pela primeira vez. “Minha bebê nasceu prematura, com oito meses e ficou 11 dias na UIN. Por um tempo ela ficou sem dieta e eu tive que tirar para estimular. Lá no banco eu aprendi como fazer a pega correta e vindo para casa eu tinha muito leite. Conheci a rotina do lactário, que passava de três em três horas e não era suficiente para todos. Doar para mim é um ato de amor pleno. O leite materno é mais que suficiente par alimentar um bebê. Jogar fora seria um pecado. Acho prazeroso e tenho certeza que outras mães ta
mbém deveriam doar. Pretendo continuar até quando a Maria Emilia estiver com seus dois aninhos. Espero que ainda esteja mamando”.

Natiele Cristina de Souza, de 27 anos, teve seu bebê com 35 semanas. “Desde quando ele nasceu pequenino, eu via as mães que não conseguiam amamentar no hospital. Como era difícil ir até lá, um dia fui fazer o exame dele, perguntei como fazia para ser doadora e hoje estou aqui. É mais fácil do que eu imaginava. Pretendo continuar enquanto meu bebê estiver amamentando.”

Texto e fotos: Diana Gaúna – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)

fotos: Diana Gaúna

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