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Campo Grande

Profissionais precisam de capacitação para diagnóstico precoce da Febre Maculosa

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09/11/2017 08h10

CAMPO GRANDE/MS – A Câmara Municipal de Campo Grande realizou na manhã desta quarta-feira (8), Audiência Pública para discutir aspectos epidemiológicos relacionados à presença de capivaras na área urbana do município. O animal tem um papel importante na transmissão da Febre Maculosa.

O pesquisador da Emprapa Gado de Corte de Mato Grosso do Sul, Renato Andreotii, explicou que é fundamental falar sobre as doenças transmitidas pelos animais. “Falar sobre esse tema é falar sobre zoonose transmitido por vetores, ou seja, doenças que são transmitidas dos animais para as pessoas. Além da Embrapa, a Universidade Federal, através do programa de Pós-Graduação tem muita contribuição para esse assunto, nós estamos trabalhando há dez anos e, neste momento temos satisfação de passar para a comunidade essas informações, resultado da interação da Embrapa e da Universidade. A população de capivara geralmente cresce rapidamente e a capivara é hospedeira da bactéria causadora da doença Ricketsia ricketsii (riquétsia), essa bactéria é responsável pela febre maculosa. A capivara é um bom amplificador da população de carrapatos, as capivaras filhotes na primo-infecção ficam com a doença, a bactéria fica circulando e os carrapatos se contaminam e tem toda situação de surto, correndo risco das pessoas se contaminarem, isso não significa que na presença de capivara e carrapato vai ter a doença”, esclareceu.

“A febre maculosa é de evolução rápida e leva à morte. Existe uma dificuldade no diagnóstico rápido e adequado da doença em seres humanos, os sintomas são muito parecidos com virose. As capivaras são grandes produtoras de carrapatos, mas não podemos colocar a culpa nelas, devemos manter um controle da população de capivara, orientar a população, montar uma rede de saúde para diagnóstico e uma rede de estudos para a realidade do município”, complementou.

A febre maculosa é transmitida aos seres humanos pela picada do carrapato estrela infectado com riquétsia. A doença causa febre, dor muscular, cefaléia e, em 70% dos casos, manchas na pele a partir do terceiro dia após a infecção, podendo haver necrose das extremidades e, nos casos mais graves, levar à morte.

De acordo com Marcia Janini, médica infectologista da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), tem que ser facilitado o diagnóstico para riquétsia. “Temos que facilitar o diagnóstico para riquétsia. Ela inicia com quadro semelhante com outros quadros infecciosos e, isso confunde muito o profissional para o diagnóstico precoce. Precisamos orientar e capacitar os profissionais da saúde, não só da área pública, mas do setor privado também”, defendeu.

Para o vereador Eduardo Romero, vice-presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente, não se deve colocar a capivara como o foco do problema. “A capivara faz parte da nossa identidade cultural. Fico preocupado em colocar a capivara como centro do problema, criar uma campanha negativa pode ter uma reação de medo e ódio do animal. Fico preocupado também quando a gente percebe que não há condição adequada para fazer um diagnóstico para a febre maculosa”, frisou.

Segundo Mariah Barros, coordenadora de vigilância epidemiológica da Sesau, “Os casos de Febre Maculosa confirmados são poucos, de 2015 para cá foram notificados vinte casos e, apenas cinco confirmações laboratoriais. A prática educativa é importantíssima, trabalhar a questão da conscientização, mas ficamos preocupados porque o quadro clínico da doença é muito semelhante ao da dengue, acredito muito na prática educativa”, defendeu.

O biólogo, Luiz Gustavo Oliveira Santos, reforçou a necessidade de não tratar a capivara como o foco principal da transmissão da doença. “O animal tem o parasita e não a doença. Não podemos enxergar as capivaras como vilões, elas são hospedeiras de parasitas que podem transmitir doenças para os humanos, assim como outros animais silvestres”, ponderou.

Já Pedro Paulo Pires, representante da Academia Sul-Mato-Grossense de Medicina Veterinária, abordou também a necessidade da criação das condições necessárias para o diagnóstico adequado da doença. “Cabe a nós como entidade de classe, levantar essa bandeira, precisamos criar as condições para capacitação dos profissionais da saúde para o diagnóstico precoce e adequado, nós temos competência técnica para isso. E nos colocamos inteiramente à disposição para defender a vida dos animais e das pessoas, não há justificativa nenhuma para que não tenhamos o controle do diagnóstico, falta coordenação”, destacou.

Para o secretário Municipal de Saúde, Marcelo Vilella, o tema é um problema de saúde pública. “Precisamos discutir o assunto com a comunidade, com os profissionais gabaritados, capacitar o profissional para o diagnóstico adequado, temos que criar mecanismos de prevenção, porque a nossa preocupação é que vire uma transmissão em escala”, alegou.

O Promotor de Justiça, Dr. Luiz Antônio Freitas de Almeida afirmou: “Precisamos atuar de uma forma preventiva, o Ministério Público está à disposição para apoiar as medidas necessárias”.

Na mesma linha de pensamento, o presidente da Comissão de Meio Ambiente, vereador Gilmar da Cruz destacou: “É fundamental a orientação sobre a doença para a população, tratar o tema de forma preventiva”, avaliou.

De acordo com o presidente da Comissão Permanente de Defesa, Bem-Estar e Direitos dos Animais, vereador Veterinário Francisco, “A reunião foi muito importante para que pudéssemos refletir sobre os aspectos epidemiológicos do carrapato. Aprendi bastante hoje, a gente não imagina que um parasita tão pequeno possa causar tantos danos. As picadas de carrapatos ocorrem, e isso é preocupante. Precisamos estar vigilantes em relação a Febre Maculosa”, finalizou.

A reunião foi convocada pela Comissão Permanente de Meio Ambiente, composta pelos vereadores Gilmar da Cruz (presidente), Eduardo Romero (vice), Dr. Lívio, Delegado Wellington e Veterinário Francisco; e pela Comissão Permanente de Defesa, Bem-Estar e Direito dos Animais, composta pelos vereadores Veterinário Francisco (presidente), Lucas de Lima (vice), André Salineiro, Eduardo Romero e Ayrton Araújo do PT.

Dayane Parron – Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal

Foto Izaias Medeiros

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