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‘Para ler é preciso ter coragem, diz autor de seis livros que passou 30 anos na

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23/07/2018 14h18

Em terra de redes sociais e mídias prontas, quem gosta de leitura é rei!

Mas, no Brasil esse reinado ainda deixa a desejar: somos uma nação que pouco lê e pouco absorve da leitura.

Isso é o que revela o Retratos da Leitura. Um levantamento feito em 2015 e que mostra que mais da metade da população acima de cinco anos era considerada leitora.

Mas isso inclui a leitura de, pelo menos, um livro, inteiro ou em partes. Já a leitura por prazer representa apenas 15% desse público.

Para a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, o brasileiro lê “muito pouco”.

Sonora: “O Brasileiro lê muito mais por obrigação. Como é que uma pessoa que tem tanta dificuldade de compreender, de entender, de criticar aquilo que ele recebe de informação? Quer dizer, nós temos um cidadão que não consegue defender seu direito, temos um cidadão que não sabe votar.”

O incentivo à leitura é uma das principais ferramentas para a formação do bom leitor, seja na escola ou no ambiente doméstico. E é em casa que as crianças têm os maiores exemplos e podem desenvolver o gosto de entrar nas estórias por puro prazer e imaginação.

Foi o que aconteceu com a arquiteta gaúcha, Ana Paula Bardini, quando criança. Ela via a mãe ”devorar” livros e ler para ela. Hoje, faz parte de um clube de leitura, com encontros presenciais e página do facebook, para o compartilhamento de indicações e trechos de livros.

Sonora: “São sete anos de encontros mensais, onde a gente determina o livro do mês, faz o encontro e faz essa troca da leitura. No momento em que tu consegue, a partir do exercício e da prática constante e descobrindo o que tu gosta e insistindo, até tu chegar naquele momento do prazer. Pra mim, isso tem tudo a ver, hoje eu vou atrás de coisas, é claro que tem coisas que eu gosto e que eu não gosto, mas acho que tudo vale muito. Tudo te traz, te acrescenta e soma, né?”

Receita seguida a risca pelo ator e agora, também, escritor, Lázaro Ramos, que incentiva o casal de filhos a ter o hábito da leitura.

Sonora: “A gente vê hoje o desenvolvimento das nossas crianças, o João está começando a aprender a ler agora e tá indo muito rápido pra ele. Ele tem muito prazer, a capacidade de compreender aquilo que a gente explica pra eles, a gente sabe que vem da literatura que ele recebeu desde cedo. E Maria já tá influenciada por isso também.”

Hábito que chega de diversas formas….Falze Gibran, idealizador de um projeto itinerante de livros, tomou o gosto pelas estórias desde pequeno, quando fazia “acordos financeiros” com o pai, para garantir a mesada.

Sonora: “A regra de casa era assim: a cada livro que eu lesse e fizesse o resumo, eu ganhava um dinheiro. Então, quanto mais livros eu lesse e mais resumos eu fizesse, mais dinheiro eu ganhava. Eu comecei a ler muito e fazer um monte de resumos e eu comecei a gostar disso.”

Para Elaine Elamid, a intimidade com as páginas do escritor Paulo Freire despertou a vontade de fazer o bem e levar livros em barcos, a crianças de comunidades ribeirinhas do Amazonas, que aprenderam com ela o amor pela leitura.

Sonora: “Ela mudou a minha vida, né? Eu sou de uma periferia de Manaus, pobre, neta de lavadeira. Minha mãe realmente teve toda a possibilidade de ser incentivada a estudar, fez a mesma coisa comigo com meus irmãos, então a leitura mudou muito a minha vida. Criança, eu gostava muito de ficar na biblioteca lendo.”

São inúmeros os exemplos de sucesso de quem tem uma relação íntima, seja com as páginas em papel, seja com os livros digitais. Por outro lado, quem não teve essa sorte, encontrou mais tarde, na leitura, a chance para o crescimento pessoal. Luiz Alberto Mendes esteve preso durante mais de 30 anos. Mesmo atrás das grades físicas, a biblioteca do presídio deu a ele a liberdade que a imaginação precisava e assim se tornou autor de seis livros publicados.

Sonora: “Então eu digo que as pessoas tenham coragem, porque eu leio há 40 anos e ainda tenho essa dificuldade. A gente tem que se esforçar cada vez mais, porque se a gente fica parado, não tem jeito, a vida nos segue, do jeito que sempre foi. E o que a gente precisa fazer é ultrapassar, porque o homem é uma ultrapassagem, uma luta para crescer, para se desenvolver, para chegar nas estrelas, talvez.”

Diante desses e de tantos outros exemplos pelo Brasil, a psicopedagoga, Vera Lúcia Palmeira, é taxativa ao defender a importância do incentivo à leitura dentro de casa, o que auxilia, também, no desenvolvimento escolar.

Sonora: “A criança que tem uma família que possibilita o acesso à leitura, que para, em alguns momentos, e senta com a criança e lê pra ela, antes mesmo do processo de alfabetização ser iniciado, já traz uma vantagem sobre aquelas outras não o tiveram.”

EBC – Radioagência Nacional

Imagem Pixabay

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