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Campo Grande

Surdos pedem reativação Ceada e querem presença de mais intérpretes

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03/05/2019 06h11

Representando a comunidade surda de Campo Grande, o vice-presidente da Associação Estadual de Deficientes da Audição (Aeda), Édio Tadeu Leite Waismann Asen, ocupou a Tribuna da Câmara Municipal na sessão ordinária desta terça-feira (30), para pedir apoio dos vereadores na reativação do Ceada (Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente da Audiocomunicação). O local foi fechado em 2016 e os alunos encaminhados para escolas públicas. O convite para falar do tema foi feito pelo vereador Papy.

Édio destacou que o centro é muito importante para a comunidade aprender a comunicação visual. “Infelizmente, perdemos essa escola. Não estamos culpando quem fechou, pois tem a questão da lei. Queremos pedir apoio dos vereadores para a possibilidade de abertura do Ceada, para voltarmos com essa escola que tanto ajuda a comunidade, para que o surdo esteja com seus pares, facilitando a comunicação”, afirmou Edio, na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), contando com a intérprete Alice do Nascimento, sua esposa e presidente da Aeda.

Ele exemplificou que algumas pessoas desenvolvem depressão porque não conseguem se comunicar. “Vocês ouvintes falam entre si, não temos essa comunicação. Por isso, é importante o grupo continuar unido”, afirmou. Ele citou exemplo de coisas básicas, no dia a dia, em que os surdos encontram barreiras, a exemplo da televisão. Também mencionou a importância do intérprete em espaços públicos, como nas unidades de saúde.

Édio mencionou as escolas, que ensinam línguas estrangeiras, mas não ofertam Libras aos alunos. “Somos brasileiros e ficamos sem fala. É importante discutir essa inclusão”, disse Edio. O vice-presidente da Associação lembrou ainda a importância de o surdo ser inserido na economia, para ter condições de crescer em igualdade, e para que sejam consultados sobre as leis e projetos elaborados. “Não temos voz para pedir; apenas nossas mãos. É importante termos ponte de comunicação entre ouvinte e surdo, para ver o que ele realmente precisa e juntos construirmos algo para nos ampararmos como cidadão”, afirmou.

No aparte, os vereadores fizeram suas considerações com a tradução simultânea da intérprete de Libras da Casa de Leis, Helga Pereira. O vereador Papy reforçou que os surdos precisam estar juntos, vivendo em comunidade desde pequenos, para ter aprendizado da sua linguagem. “O Estado precisa garantir esse direito para ele aprender na coletividade. Por isso, a escola não poderia ser fechada. Faço esse apelo para que possa reabrir”, disse.

Ele destacou ainda que hoje a Câmara Municipal está mais acessível, depois da reforma promovida, além de contar agora com intérprete de Libras como servidora concursada. O vereador Prof. João Rocha também enalteceu a felicidade em oportunizar a todos os cidadãos acesso a Casa de Leis. “Nada acontece se não for vontade do colegiado em prestar esse serviço à sociedade. Sobre esse tema, quero dizer que a Casa está a disposição para intervir no que está na nossa responsabilidade ou na elaboração de leis, para contribuirmos no que for necessário para facilitar acesso ao ensino de Libras”, disse.

O vereador Delegado Wellington também enfatizou que sempre teve essa preocupação, chegando a fazer um curso básico de Libras para sua atuação como delegado da Polícia Civil. “É importante que se sociabilize a presença do interprete, inclusive ensinando as crianças. Precisamos que toda a estrutura de serviço público tenha intérprete”, afirmou.

A vereador Enfermeira Cida sugeriu que sempre antes das sessões seja verificado se na plateia há algum surdo para que ocorra essa inclusão. “É muito delicado lidar com a dor do outro. São cidadãos, pagam impostos e precisam desse respeito”, disse.

Como presidente da Comissão Permanente de Educação da Casa de Leis, o vereador Valdir Gomes destacou que a importância de ter intérpretes de Libras nas escolas e promover o ensino da linguagem de sinais. Ainda enfatizou a inclusão no mercado de trabalho, citando exemplo de alguns gabinetes que contam com deficientes.

O vereador Eduardo Romero acrescentou que “é preciso rever a reflexão do fechamento da Escola Ceada como um prejuízo às políticas públicas. A Linguagem de Sinais é maternal, nossa primeira forma de nos comunicarmos. Entendemos gestos, mas ao irmos crescendo nos encaixotando em linguagens oficiais. É preciso tratar com seriedade as políticas públicas que versam sobre as diferenças”, afirmou.

Como médico, o vereador Dr. Cury contou da dificuldade que já enfrentou para atender surdo sem intérprete, tanto para saber o que a pessoa sente quanto para prescrever a medicação. Dessa forma, ressaltou que é “unanimidade na Casa a necessidade de ter mais espaços com intérpretes”, principalmente nas unidades de emergência. O vereador Pastor Jeremias Flores avalia que a discussão precisa ser ampliada para contemplar todos os brasileiros que tem essa dificuldade.

O vereador Carlão lembrou que elaborou a lei para colocar intérprete de Libras nos eventos oficiais da Câmara e Município. “Tivemos uma mudança para ampliar a presença nos UPAs, clínica da família e melhor atender aos surdos. Demos a ferramenta, que é a lei, para que possa fazer justiça”, afirmou.

*Milena Crestani – Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal *

Foto: Izaias Medeiros

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