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Campo Grande

Do ipê ao flamboyant: as flores do cerrado brasileiro conquistam o mercado

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16/04/2019 14h27

O cerrado brasileiro ajuda a contar uma das histórias de maior sucesso do ramo das flores no Brasil: em 1948, quando o governo holandês encontrou no país um lugar considerado apropriado para enviar remessas de agricultores que haviam perdido suas terras e posses durante a Segunda Guerra Mundial, ele designou a Associação dos Lavradores e Horticultores Católicos da Holanda (KNBTB) para administrar uma fazenda chamada Ribeirão, de cerca de 5 mil hectares, onde hoje fica a cidade de Holambra, no interior de São Paulo (131 km da capital).

Ali, a KNBTB inaugurou uma cooperativa que, além de batizar o município posteriormente, deu início ao fértil negócio que hoje movimenta mais de R$ 6 bilhões na economia nacional. No entanto, o início no cerrado foi duro: “Os imigrantes depositavam seus valores na conta da cooperativa para uso conjunto de seus associados. O governo holandês enviaria gado, máquinas e outros materiais necessários. Para os imigrantes seriam encontrados tempos difíceis, matas densas de vegetação nativa, tipo cerrado fechado, para desmatar”, contou a jornalista Ivonne de Wit, que foi diretora de turismo do município em 2014.

Cerrado é o nome dado ao segundo maior bioma brasileiro, cuja maior parte pode ser encontrado em Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Tocantins e principalmente em Goiás — a capital do país, no Distrito Federal, está imersa nele. “São lugares em que as precipitações são muito concentradas na estação chuvosa, e depois eles ficam três, quatro meses sem ver água”, explicou o climatologista brasileiro Carlos Nobre à revista estadunidense National Geographic. Entre as características físicas mais comuns do cerrado estão os galhos retorcidos e suas flores de primavera.

Em qualquer floricultura de Goiânia, Brasília ou Cuiabá, por exemplo, é possível encontrar espécies tais como a para-tudo, a orquídea colestenia, a canela-de-ema e a chuveirinho. Nos bosques e descampados, porém, o que mais se vê nessa época do ano em regiões do cerrado baiano e tocantinense são os ipês, árvores que podem atingir entre 6 a 14 metros e que são famosas por terem troncos com até 50 centímetros de diâmetro de inclinação. Entre julho e setembro, eles ficam inteiramente floridos.

As flores para-tudo, também conhecidas como “ginseng do Cerrado”, brotam durante o verão e permanecem abertas até o final de março em algumas regiões. A famosa cor laranja garante a sua exclusividade dentre as demais plantas do cerrado, assim como a dificuldade de murcharem. Nos campos de Goiás, do Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais é fácil encontrá-las, apesar de estarem ameaçadas de extinção.

Já a colestenia é um tipo de orquídea terrestre que, por ter insolação alta, é encontrada mais facilmente perto de cursos d’água em substratos rochosos. Nisso se assemelham às chuveirinhos, que florescem em sub-arbustos e chamam a atenção por serem secas, redondas e pequenas. Outra das famosas flores do cerrado brasileiro é a canela-de-ema, declarada por muitos especialistas como “fósseis vivos” pelos registros antigos em que ela aparece. Sempre em tons de violeta, lilás e branco, são presenças constantes em buquês, enfeites artesanais e arranjos florais de casamentos e festas de aniversário. Além da beleza, os mineiros acreditam que o chá de canela-de-ema ajuda a combater reumatismo e dores de coluna.

Ainda há flores típicas como a caliandra — a “flor do cerrado” –, que crescem em arbustos secos de até quatro metros; a flor-do-pequi, cuja árvore é famosa em Goiás pela fruta, que faz parte da gastronomia local; o umburuçu, cujos fios longos e macios são utilizados para forrar almofadas, travesseiros e para a fabricação de cordas; a pau-terra e a lobeira. No entanto, a grande atração do bioma é a flamboyant, que floresce numa das mais belas árvores do mundo, originária do clima tropical de Madagascar, na África.

Suas belas flores brotam nos meses de outubro a janeiro e variam entre o vermelho e o laranja-claro. “É difícil passar por um flamboieiro e não tirar uma foto. Procura no Instagram e você vai ver”, diz Valeria Rodrigues, mineira de Juiz de Fora.

Negócios

De acordo com o sindicato dos floricultores de São Paulo (Sindiflores), anualmente, o país inteiro colhe 285 milhões de hastes de flor por ano, movimentando grandes remessas de dinheiro. Dados da Hórtica Consultoria mostram que o mercado de flores e plantas ornamentais mobilizou um total de R$ 6,5 bilhões em 2017. As flores cortadas no Brasil representam 29% do mercado mundial, o que coloca o país como um player importante do setor no capitalismo internacional. Só em relação às rosas – uma das flores mais produzidas e vendidas em território nacional –, a produção brasileira é responsável por 30% de todo o comércio global.

Assessoria de Comunicação

Crédito: divulgação/Assessoria

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